terça-feira, 8 de dezembro de 2009

- Desbravando o oeste -

No dia 14/11 levamos, pela primeira vez na história da cidade, um show de rock and roll à Luiz Fernando Magalhães, oeste da Bahia. Estivemos em São Desidério há tempos atrás, que é na mesma região, mas com algumas horas de distância. Da mesma forma voamos para Brasília, afinal, ambas as cidades ficam mais próximas do aeroporto da Capital Federal da corrupção do que do aeroporto de Salvador, cidade de outra família de uma estirpe de coronéis. Aliás, o estado todo é deles, visto o nome da cidade onde fomos parar dessa vez. Sem querer mudar o foco do relato, afinal, vocês estão aqui para saber do nosso universo detonáutico, mas com a certeza de que é sempre interessante situar os leitores além da esfera musical. Fiquemos atentos pois então. Só mais um detalhe que foge à música e à banda, antes a cidade se chamava, se não já me falha a memória, Mimoso do Oeste, ou no feminino, Mimosa do Oeste. Cá para nós, nome muito mais simpático e acolhedor, que me remete, no caso do feminino, a uma linda vaquinha leiteira, que jamais nos deixaria sem seu leite e seus derivados, poupando o sofrido povo de mais fome.

Chegando lá ficamos instalados em um belo hotel, novo em folha e fui direto dormir. Foram 5 horas de ônibus após o vôo, que foi à noite. Viajamos a madrugada toda nas esburacadas estradas que cortam o serrado brasileiro. Mas soube que parte da galera agitou logo um churrasco! Eles não perdem tempo. O sol estava escaldante e quando desci, já na hora do almoço, o banquete chegava já ao fim, mas mesmo que tivesse chegado no início, não teria me apetecido, visto que soube que a carne havia sido trazida por um moto boy (é isso mesmo!) e que ninguém pessoalmente havia ido ao açougue ou coisa parecida para escolher com carinho as peças que iriam arder nas chamas. E a pouca carne que vi não me chamou a atenção. Antes de comer com a boca, come-se com os olhos, não é verdade?
Além do mais, um verdadeiro exército de moscas deve ter percebido de longe o odor exalado pelas carnes, ou talvez tenha seguido o motoboy em sua jornada, que simplesmente tudo tinha que estar coberto com mil panos e uma simples levantada para pegar um pedacinho causava um verdadeiro frenesi entre elas, que sequer temiam a presença daqueles seres bípedes tão próximos.
Um rock rolava no som, alto por sinal, o que devia estar atrapalhando o almoço das outras pessoas que nem foram convidadas para o churrasco. Para que todos entendam, o restaurante do hotel era separado da área do churrasco apenas por vidros, espessos sim, mas com certeza a música, quiçá inadequada para os que queriam a tranquilidade na hora sagrada, invadia seus ouvidos. Sorte nossa que eram tolerantes, como a quase totalidade do nosso povo. Tolerância ou passividade?
Depois descobri o porquê de todos estarem felizes com o banquete, mesmo sem nenhuma guarnição, uma farofinha sequer, para acompanhar. O refrigerador ao lado da churrasqueira estava entupido de cerveja. Bendita cerveja! O que seria de nós sem o líquido dourado? Todos comiam com avidez, como se nunca tivessem comido antes ou como se nunca fossem comer depois. Com seus sentidos entorpecidos alguns saíam da área gastronômica e iam direto à piscina, ainda com suas mãos gordurentas e panceps à mostra, sem nenhum constragimento nem pudor. Viva a alegria de um sábado de sol no meio do Brasil!
Em questão de segundos analisei o cenário e descartei o churrasco. Tudo isso que relatei acima pensei em minha mente nesses tais meros segundos.
Sorte a minha que uma belíssima feijoada era servida no restaurante, como prato principal dos sábados!! Justo o meu preferido!!
Alguns reclamaram que não comeram a feijoada por conta do preço, mais salgado que o torresmo, mas a vida é uma só, como dispensar uma delícia dessas?
Couve, arroz, laranja, fafora, pimenta, torresmo e todas as carnes que compõem uma feijoada de verdade! Além do que o churrasquinho macabro saiu a 15 pratas pra cada um! Aí sim uma mega sena acumulada!
Como já é sabido de muitos, tirando as partes mais estranhas, pé, orelha, e mais alguma outra, traço tudo. Pedi um suco de abacaxi para acompanhar e ajudar na digestão. Perfeito. Ainda comi mais duas rodelas geladas de abacaxi de sobremesa e pronto, resolvido o problema do almoço.
Ainda tive coragem de voltar à area do churrasco e bebi algumas geladas com meus amigos. De lá fui direto para a piscina, o calor era infernal. Evitei mergulhos e pulos radicais para não sofrer uma congestão, apenas me refresquei na água limpa da piscina.
Kiko, Fabinho e posteriormente o Tchello me fizeram companhia e um gentil casal puxou assunto conosco, comentando que logo ali havia uma cachoeira bonita, etc e tal. Na mesma hora nos olhamos e eles se ofereceram para nos levar lá. Subimos imediatamente para pegar nossas câmeras e partimos para o local. O nome da cachoeira? Acaba Vida. Tenebroso, não? Fiquei imaginando o que encontraria pela frente e entramos na pickup 4x4 ansiosos para ver logo o que a natureza havia criado ali no meio do serrado.
O "logo ali" se transformou num caminho longo, de retas infinitas, e a pickup voava a 160 por hora em alguns trechos. Agarrei o "putaquepariu" que é aquele acessório de apoio que fica acima das janelas e entrei em uma viagem. Para mim estávamos participando do Rally dos Sertões!!! Pegamos uma estrada de terra após uns 20 minutos de asfalto e a velocidade não caiu tanto assim, a danada da pickup aguentava buraco, barro, poeira e tudo o mais, havia nascido para aquele ambiente e seu dono fazia questão de deixar isso bem claro para todos nós. No meio do nada paramos e perguntamos a dois nativos que disseram que já havíamos passado da entrada da tal queda d'água, perdemos mais uns 20 minutos entre ir e voltar e finalmente achamos o caminho certo. Nisso a tarde já começava a escurecer ao longe e finalmente chegamos no local. De cara me chamou a atenção para as diversas placas pedindo a colaboração de todos para com a conservação do paraíso que se encontrava logo adiante. Descemos do pégaso de 4 rodas e vi outra placa curiosa : "Proibido trazer churrasqueira para o local." Ainda bem que nossos amigos fizeram o churrasco no hotel então! Cada coisa em seu lugar!
Vi a área toda cercada por arames e mais avisos para proteção à natureza e soube que antes de todo esse aparato muitos humanos paravam seus carros no local com seus aparelhos de som nas alturas, competindo para saber quem tinha o de maior potência sonora, além de levar suas churrasqueiras para a beira do rio que antecipava uma queda impressionante. Passavam os dias de sol ali e o líquido dourado mais uma vez contribuia para um coquetel fatal. Muitos entravam no rio e eram sugados pela correnteza e não tinham chance sequer de gritar por suas queridas mães. Desciam pela cachoeira, que bem poderia fazer parte do complexo de Itaipú, tamanha a força e altura da queda. Vidas foram perdidas ali antes que o poder público tomasse essas simples providências e assim a cachoeira ganhou seu nome. ACABA VIDA.
Tiramos algumas fotos, colocamos apenas nossas mãos para sentir a temperatura da água, agradabilíssima por sinal, e vimos o nosso motorista mergulhar numa parte tranquila do rio. O problema é que se invadirmos demais o rio, entramos na área onde a correnteza é feroz. Não preciso repetir o que acontece nesses casos.
Vimos o sol se por ali e o silêncio do local só era quebrado pelo barulho das águas traiçoeiras e por pássaros anunciando que já estavam para se recolher por entre as árvores.
Voltamos sem erro e mais uma vez o automóvel parecia ter vida própria, voando baixo. Até que nosso glorioso Fabinho Brasil pediu que o motorista domasse a fera para que todos pudessem apreciar a paisagem inóspita.
Chegamos sãos e salvos e fomos passar som. Eu tinha até me esquecido que tocaríamos, depois de tantas emoções.
Estávamos inaugurando uma casa nova, um espaço bem legal, mas ainda sem know-how nenhum para eventos desse porte. Por sorte e competência, nossa equipe fez acontecer mais uma vez, tendo até que soldar cabos e mais cabos para a realização do show.
Soube que um técnico local, se é que podemos chamar assim, com todo respeito à classe, ligou algumas lâmpadas de maneira errada. Quando o sistema foi acionado todas queimaram em sequência, mais parecendo um show pirotécnico.
Tirando esses entraves, fizemos o show. Meio no escuro, mas fizemos. O palco era legal, o público estava a nosso favor e na hora que o show começa tudo se transforma. Para mim o som estava ótimo e todo mundo participou ativamente, dando o pontapé inicial ao estabelecimento. Tomara que dê sorte a eles e que eles aprendam também com essa estréia e melhorem alguns detalhes da estrutura do local. O que importa é que tivemos mais um dia intenso em nossas vidas e que todos saíram de lá satisfeitos no final das contas.
Tivemos também a surpresa do novo style do nosso querido Philippe, que usou uma maquiagem especial, criando um personagem meio sombrio e sinistro em pleno calor de novembro. Não sei como ele aguentou aquele casaco com capuz o show inteiro. Devia ainda estar sob o efeito da já tão citada cerveja!
Por enquanto é só, amigos!
Espero que tenham gostado de mais uma narrativa totalmente verídica das nossas aventuras por esse Brasil continental!
Claro que separei algumas fotos para vocês ficarem 100% satisfeitos!

Chega de papo!

-vista da janela do meu quarto... advinhem quem está lá deitado, torrando no sol?

- no caminho para a cachoeira...

- pausa para fotos...

- a belíssima e perigosa cachoeira Acaba Vida...

- os 3 aventureiros...

- No que será que Brasil estava pensando? Esse rio desemboca na cachoeira, a poucos metros adiante... mergulhar na beira não tem erro, mas lá no meio...

- two little birds...

- camarim no próprio hotel... vejam o Philippe já pronto para o show...

- sinixxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxtro!!!

- Tico em primeiro plano e o sinixxxxxxxxxxtro escondido lá atrás...


Abraços, amigos!!!

Seguimos juntos!!!

Sorte a todos!!!

- R.R-

7 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Legal o post Renato, deve ser muito bacana desbravar esse Brasilzão, conhecer esses lugares belos e distantes, novas pessoas , culturas diferentes, e principalmente fazendo o que se gosta, tocando rock and roll, espero um dia chegar neste estágio c/a minha banda (Devolluto)rs. O Philippe realmente está macabro, na última foto (c/ o Tico), parece até aquelas fotos que depois de revelada aparece um "espirito" nela... Sinixxxxxxxtro rsrsrsrs...
Forte abraço e sorte na estrada.

Sou um grande fã da banda,
Rodrigo Brum.

8 de dezembro de 2009 às 16:44  
Blogger Eliane R. disse...

Como gosto das suas narrativas!
Num dia chuvoso, onde os paulistas ficaram ilhados em suas casas sem condição de sair para trabalhar, o que resta a fazer é aproveitar o descanso com uma leitura... fiz até pipoca para acompanhar a viagem!! rsrs

Você consegue intercalar bom humor com informação na dose ideal. Já pensou em publicar seus relatos? Uma espécie de Vol. 2 do Mais Além! #ficadica

Lindas fotos!!
E minha nossa... A última é digna de episódio do "Supernatural". #medo

;O)

8 de dezembro de 2009 às 17:40  
Blogger Izadora disse...

Maravilha de post!!!!! Foda! Relatão incrível..
só tu hein! Coisa boa demais isso tudo.
Fotos incíveis também! Adorei!!
Quanto ao Phi, siniixxxtro demais mesmo! rs* (adoroo esse sotaquee.
Beijo

8 de dezembro de 2009 às 18:48  
Anonymous Anônimo disse...

Renato!
Comecei a ler o blog agora, e já sou leitora acídua!
Adoro suas postagens!
Sou fã do DRC. Gosto da mensagem que vcs passam para nós, fãs, que acompanhamos o trabalho de vocês!
Queria saber se tem show previsto de vcs por Belém!
Ah, e esse post...O Phillipe, super estranho, uma versão detonáutica do KISS???Espero que a banda tda não siga essa moda!shuahsuahushuahsuauha!
Um grande beijo!


Yoko Ono.

8 de dezembro de 2009 às 23:31  
Anonymous Fabi disse...

Nossa!!! Sou mto mais comer a carne do motoboy, ou melhor, trazida por ele, que a feijoada cheia de carne dentro... eca eca eca! rsrs

Mew, eu nunca fui numa cachoeira assim... deve ser mega foda a energia!

Lindas fotos só não gostei das últimas... acho q o que menos precisamos é de sinistros... a com o Tico então, me dá até arrepio de nervoso.

Suas narrativas são ótimas e realmente valem o Mais Além volume 2.

Beijos e queijos ;*

11 de dezembro de 2009 às 00:09  
Anonymous Inamara Gradilone disse...

Meu querido
Sim..a BA é cheia de "Magalhães" por todos os lados...O Coronel reina la ainda que ele e seu filho estajam mortos...Tb estive na BA estes dias...em Salvador e Ilhéus.. Viajei de navio e foi uma experiência maravilhosa. Quanto às carnes nos interiores da BA...acho que até as da feijoada devem ter chegado pelo motoboy! ahaha...mas agora ja foi!!
Adoro seus relatos...suas fotos...tudo que nos faz estar um pouco mais perto de vcs!!
Beeeiiijooosss com muita saudades!!

Ina

13 de dezembro de 2009 às 16:21  
Anonymous Luiz Gustavo disse...

Foi mal de novo, mas eu to desesperado atrás dos acordes da música "O Amanhã" versão acústica. se puder mandar pro meu e-mail eu agradeço. Ele é: luizgugamachado@gmail.com . Vlw!

14 de dezembro de 2009 às 14:01  

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Rock and roll!!!

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